Parto Normal

Benefícios do Parto Natural  para a Mãe e o Bebê

O parto natural (ou normal) oferece diversas vantagens tanto para a mãe quanto para o bebê.

Para a mãe:
 * Recuperação mais rápida: Geralmente, a recuperação é mais rápida e menos dolorosa em comparação com o parto cesáreo.
 * Menor risco de complicações: Menor chance de infecções, hemorragias e trombose.
 * Vínculo materno mais forte: O contato pele a pele imediato após o parto favorece o estabelecimento do vínculo entre mãe e bebê.
 * Menor tempo de internação: A recuperação mais rápida permite que a mãe retorne para casa mais cedo.
 * Menores custos: Em alguns casos, o parto normal pode ser mais econômico.

Para o bebê:
 * Menor risco de complicações: Menor chance de problemas respiratórios, como a Síndrome do Desconforto Respiratório (SDR).
 * Desenvolvimento da microbiota intestinal: Ao passar pelo canal do parto, o bebê entra em contato com as bactérias benéficas da mãe, o que contribui para o desenvolvimento de sua microbiota intestinal.
 * Estímulo ao sistema imunológico: O contato com as bactérias maternas ajuda a fortalecer o sistema imunológico do bebê.
 * Menor risco de alergias: Alguns estudos sugerem que o parto normal pode estar associado a um menor risco de desenvolvimento de alergias.

É importante ressaltar que a decisão sobre o tipo de parto deve ser tomada em conjunto com o médico, levando em consideração as condições de saúde da mãe e do bebê.

Lembre-se: Cada gravidez e parto são ÚNICOS. Por exemplo: Uma mãe que já teve três passos naturais pode ser que tenha que fazer uma cesariana no parto do quarto filho. Uma mãe que teve que fazer uma cesárea no primeiro filho pode ter o seu segundo filho através de um parto natural.

O trabalho de parto NATURAL divide-se em três períodos (ou fases): 

Fase 1 - a diminuição da espessura e dilatação do colo do útero; tem geralmente a duração de 12 a 19 horas. Essa primeira fase tem início com dores abdominais ou nas costas com a duração de meio minuto e com intervalo entre elas de 10 a 30 minutos. À medida que o tempo passa, as dores tornam-se mais intensas e ocorrem a intervalos cada vez menores. Pode ocorrer a expulsão do tampão mucoso (liquido que escorre da vagina em pequena quantidade). Também podem ocorrer pequenos sangramentos.

Fase 2 - A descida e expulsão do bebé. Dura de vinte minutos a duas horas. Durante a segunda fase ocorrem as contrações mais fortes que expulsam o bebé.

Fase 3 - A expulsão da placenta, dura de cinco a trinta minutos. Nesta fase é expulsa a placenta e cortado o cordão umbilical, 

Na maior parte dos nascimentos a cabeça é a primeira parte do corpo a passar pelo canal de parto. No entanto, em cerca de 4% verifica-se apresentação pélvica, em que o bebé apresenta os pés ou as nádegas virados para o canal de parto. 
Durante a maior parte do trabalho parto a mulher geralmente pode comer e caminhar à vontade. 
Não é recomendado fazer força durante a primeira fase ou durante a passagem da cabeça, nem a utilização de enemas. 
Embora seja comum a realização de uma pequena incisão na abertura da vagina, denominada episiotomia, geralmente não é necessária. 

Explicação mais detalhada das fases, etapas ou períodos do parto 

Primeiro período do parto - período de dilatação

Um parto humano típico começa com o início da primeira fase do parto: contrações do útero, inicialmente com frequência de 2 a 3 em cada 10 minutos e com duração aproximada de 40 segundos. Ocasionalmente, o rompimento da bolsa que reveste o bebê (bolsa dágua). As contrações aceleram até que ocorram com frequência de 5 a cada 10 minutos e duração de 70 segundos, quando se aproxima a expulsão do feto. Na expulsão, somam-se as contrações uterinas aos esforços expulsivos voluntários da mãe.
O trabalho de parto pode se iniciar com o colo uterino fechado. O colo vai se abrindo com a força das contrações. O trabalho de parto também pode  começar com dilatação de 2 a 3 centímetros nas primíparas (mulheres no primeiro parto), e de 3 a 4 centímetros nas multíparas (mulheres do segundo parto em diante).
Cada contração dilata o colo uterino até que ele atinja 10 centímetros de diâmetro. A abertura do colo uterino ocorre aproximadamente na velocidade de um centímetro por hora.
A duração do trabalho de parto varia imensamente, mas, em média, dura cerca de 12 horas para mulheres parindo pela primeira vez (primíparas), ou em torno de 8 horas em mulheres que já pariram anteriormente (multíparas).

Segunda fase do parto - período expulsivo]

A segunda fase do parto inicia com o colo do útero completamente dilatado (10 centímetros) e termina com a expulsão fetal.
Duas forças agem nesse momento:
A - as contrações uterinas (involuntárias)
B - a contração voluntária da musculatura do diafragma e da parede abdominal que comprimem o útero de cima para baixo e da frente para trás. A mulher deve guardar suas energias para fazer força apenas nessa segunda fase.
O bebé usualmente nasce de cabeça, na chamada "apresentação cefálica". Em alguns casos, ocorre a apresentação dos pés ou nádegas primeiro (apresentação pélvica). Com pessoal devidamente treinado, mesmo bebés nessa apresentação ("breech") podem nascer através da vagina.
  • 95% nascem com apresentação cefálica
  • 4% nascem com apresentação pélvica
  • 1% nascem com apresentação transversa
Uma outra disposição, rara, é quando o bebê encontra-se numa posição transversal, isto é, disposto de lado no útero, e sendo a mão ou o cotovelo o primeiro a entrar no canal de parto. Neste caso, o nascimento "natural" (vaginal) não deve ser empreendido, a menos em raríssimos casos em que se pode empurrar o braço do bebê de volta, e fazê-lo voltar à posição apropriada.
Imediatamente após o parto, a criança passa por extensas modificações fisiológicas à medida que se habitua à sua respiração independente.
O estado médico da criança é avaliado através da escala de Apgar, baseada em cinco parâmetros. Quanto maior o valor, melhor está a criança.

Terceira fase - terceiro período, secundamento ou dequitadura

A terceira fase do parto compreende ao desprendimento, descida e expulsão da placenta e membranas. Ocorre entre 5 a 30 minutos após o término do período expulsivo. Ocorre pelas contrações uterinas que diminuem o volume do útero e, consequentemente, aumentam a espessura da parede muscular: com esta redução, a placenta se descola, pois não possui elasticidade. Assim, ocorre a infiltração de sangue entre a placenta e a decídua basal remanescente, originando hematoma retroplacentário.
As membranas fetais permanecem no local até que a placenta se desprenda por completo, quando se dirige à vagina e é expulsa através de contrações ou por meio de esforços manuais, ou da mãe, se não estiver sob efeito anestésico, ou do ou da assistente do parto.
A dequitação efetua-se através de dois mecanismos:
  • Central ou Baudelocque-Schultze: 75% dos casos: placenta se torna invertida sobre si e a superficie fetal brilhante aparece primeiro na saída vaginal com sangramento somente após a expulsão.
  • Marginal ou de Ducan: 25% dos casos: placenta desce lateralmente e se apresenta na saída vaginal com a superficie materna encrespada, acompanhada de discreto mas contínuo sangramento.

Quarta fase - período de Greenberg

O período de Greenberg de imediato corresponde à primeira hora depois da saída da placenta. É de fundamental importância nos processos hemostáticos (impedir o sangramento excessivo). Durante esse período, há a possibilidade maior de ocorrerem grandes hemorragias. Os mecanismos que coíbem a hemorragia pós-parto são:
  • Miotamponamento: inicia-se imediatamente depois da saída da placenta e consiste na contração potente da musculatura uterina, tamponando a saída dos vasos sanguíneos que irrigavam a placenta. Se este mecanismo não ocorrer de forma adequada, há a chamada "hipotonia uterina", que pode resultar em sangramentos excessivos e colocar a vida da mulher em risco.
  • Trombotamponamento: depende da formação de pequenos coágulos (trombos) que obliteram vasos uteroplacentários.
Após a primeira hora, o útero apresenta-se em condições normais, firmemente contraído, completando, assim, o mecanismo de hemostase.

Vantagens do parto normal

  • A recuperação é rápida;
  • Não há dor pós-parto;
  • A rápida recuperação deixa a mãe mais tranquila, o que favorece a lactação;
  • A alta é mais rápida, o que possibilita à mãe retomar seus afazeres prontamente;
  • A cada parto normal, o trabalho de parto é mais fácil do que no anterior;
  • Se a mulher vir a sofrer de mioma (patologia comum do útero), na eventual necessidade de uma operação, esta será mais fácil;
  • O relaxamento da musculatura pélvica não altera em nada o desempenho sexual;
  • A mulher participa ativamente do nascimento do filho.
  • E é menor a chance de dor pévica crônica.

Desvantagens do parto normal

A maior parte dos danos ocorridos durante o parto normal é causado pela má condução do mesmo, especialmente quando são utilizadas manobras e intervenções desnecessárias, muitas das quais condenadas pela Organização Mundial de Saúde - como episiotomia ("corte"), manobra de Kristeller (quando o médico ou enfermeiro pressiona a barriga para forçar a expulsão do bebê) e uso corriqueiro de ocitocina (hormônio que acelera as contrações). Um parto natural, realizado sem intervenções e preferencialmente em posição que ajude a saída do bebê, dificilmente causará qualquer tipo de consequência negativa.

Indicações médicas:

Três fatores devem ser levados em consideração para determinar a possibilidade ou não do parto normal:
  • a bacia (quadril), também chamada "trajeto do parto";
  • Força das contrações uterinas e o próprio feto;
  • Nenhuma intercorrência na gestação, pré-parto e trabalho de parto.
Se estes fatores forem bem proporcionados, a probabilidade de parto normal é grande.

Riscos do parto normal

  • Risco de ruptura do útero durante o trabalho de parto caso este tenha sido submetido a uma cirurgia anteriormente - como cesariana ou miomectomia (cerca de 0,5% de risco);
  • Mortalidade materna (menor do que na cesariana);
  • Mortalidade neonatal (menor do que na cesariana);
  • Prolapso anal;
  • Topoalgia perineal.

Vantagens da cirurgia cesárea

  • O nascimento é menos demorado;
  • A mãe pode decidir quando será o nascimento;
  • É realizada no mesmo dia da internação;
  • A mulher não sente dores durante o processo devido à anestesia;
  • Ter a disponibilidade do médico que a acompanhou durante o pré-natal.

Desvantagens da cirurgia cesárea

  • Recuperação mais lenta do que no parto normal;
  • Os pontos internos são absorvidos, entretanto os externos precisam ser retirados, demanda um retorno ao serviço de saúde;
  • Na recuperação a mulher sente dores, ao rir, chorar, ficar de pé, espirrar, tossindo, amamentar, ao se movimentar, também há o receio de evacuar e os pontos se abrirem;
  • A mãe não participa ativamente do nascimento;
  • Atraso na lactação;
  • Risco de morte da mãe é 16 vezes maior do que no parto normal;
  • Dobro na permanência hospitalar;
  • As dores após a cirurgia são do corte na barriga e da manipulação da cavidade abdominal pelo médico;
  • Risco de infecção, inflamação, perda do útero e hemorragia;
  • Aumenta as chances de sofrer novas cesáreas nos nascimentos seguintes;
  • O útero fica com uma cicatriz em seu músculo que é sempre um ponto mais frágil; na região, pode haver perda da sensibilidade, dor, queloides e aderências;
  • A ruptura uterina acontece em 0,2 a 1,3% das mulheres que tiveram uma a três cesáreas e pode representar risco de morte para mãe e bebê;
  • O pulmão do bebê não é comprimido durante a cesárea e ele tem maior risco de ter desconforto para respirar após ser extraído. Pode acontecer uma síndrome que leva a criança à unidade de terapia intensiva neonatal (pulmões úmidos e pneumonia, especialmente nas cesarianas marcadas antes do sinal de maturidade pulmonar);
  • A criança que nasce de cesárea passa por mais intervenções como aspiração nasogástrica, reanimação, entubação e respiração artificial;
  • A mulher deve ficar sem pegar peso e fazer esforço físico nem ginástica por pelo menos 2 meses após a cirurgia;
  • Cirurgias pélvicas como de miomas se complicam devido às aderências e às cirurgias anteriores;
  • Qualquer operação cirúrgica pode trazer complicações à saúde, o que pode prejudicar a disposição sexual;
  • Interfere com o estabelecimento do vínculo com a criança e atrasa a primeira amamentação;
  • Há chances maiores de o bebê não chorar quando nasce.

Riscos da cirurgia cesárea

  • A probabilidade de haver uma hemorragia é 10 vezes maior do que em um parto normal;
  • O risco de morte da mãe chega a ser 16 vezes maior do que no parto normal;
  • A possibilidade de depressão pós-parto da mulher é 30 a 40 vezes maior do que no parto normal;
  • Problemas com a incisão cirúrgica e anemia;
  • Aumenta a probabilidade de outra cesárea;
  • Riscos da anestesia (por exemplo, choque anafilático);
  • Morbidade materna (sete a vinte vezes maior do que no parto normal);
  • Riscos maiores de doenças respiratórias no recém-nascido;
  • Aumento da mortalidade neonatal;
  • Risco de ruptura uterina em gestação/ parto subsequentes;
  • Risco de desencadeamento de trombose em membros inferiores;
  • Riscos de paralisação dos intestinos.

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